Resenha: Eu estou pensando em acabar com tudo – Iain Reid

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ph: desbravador de mundos

Ficha Técnica
Título Original: I'm thinking of ending things
Autor: Iain Reid
Páginas: 224
Ano: 2017
Editora no Brasil: Fábrica 231

Sinopse
No romance de estreia do canadense Iain Reid, Jake conduz o carro em que ele e a namorada, que narra a história, vão à fazenda dos pais do rapaz. Durante a longa viagem por estradas desertas e escuras, a garota, atormentada com a perseguição de um homem misterioso que deixa sempre a mesma mensagem de voz em seu telefone, pensa em encerrar o relacionamento com Jake. Mas talvez seja tarde demais. Reid, que tem dois livros de não ficção elogiados pela crítica e contribui para veículos de prestígio como a revista New Yorker, une, numa narrativa profundamente psicológica, tanto referências de terror clássico, quanto elementos de suspenses menos tradicionais, sustentando a trama para além das limitações inerentes ao gênero. Um thriller denso que esconde, em meio ao medo provocado pela sensação de uma tragédia iminente, alegorias sobre a própria vida ser uma tragédia anunciada.

Às vezes um pensamento está mais próximo da verdade, da realidade, do que uma ação. Você pode dizer qualquer coisa, pode fazer qualquer coisa, mas não pode forjar um pensamento.

“Estou pensando em acabar com tudo” nunca me chamou muita atenção, mas por algum motivo estava na lista de livros que eu pretendia ler. Depois de ver uma sugestão em uma daquelas ‘threads’ no Twitter decidi ler, acho que foi a leitura mais rápida que fiz na vida, demorei umas cinco horas.

O livro começa com Jake e sua namorada fazendo uma viagem de carro até a casa dos pais dele, para que ela os conheça. Enquanto viajam ao seu destino eles conversam sobre a vida, mas Jake não tem ideia de que sua namorada está pensando em acabar com tudo.

Os dois se conheceram em um pub, mas a namorada de Jake nunca foi o tipo de pessoa que se prende a relacionamentos, se sente melhor sozinha, por isso todo esse processo de começar a sair com Jake e conhecer os pais dele está deixando-a aflita, então ela busca sinais, palavras, gestos, que a convençam a continuar nesse namoro.

Mesmo considerando as estatísticas que mostram que a maioria dos casamentos não dura, as pessoas ainda acham que casamento é o estado normal do ser humano. A maioria das pessoas quer se casar. Tem alguma outra coisa que as pessoas fazem em grandes números, com uma taxa de sucesso tão terrível?

Lendo assim, a gente até pensa que se trata de uma história de romance inocente, em que a única ação é o conflito interno romântico da nossa protagonista. Mas não é bem assim, a trama fica intrigante quando nossa personagem feminina começa a receber ligações misteriosas falando sobre coisas que não fazem o menor sentido para ela. Para piorar a visita a casa dos pais de Jake é um tanto bizarra e ela não sabe o quanto pode questionar o namorado sobre isso.

Conhecer alguém é como montar um quebra-cabeça sem fim. Nós encaixamos as menores peças primeiro e nos conhecemos melhor no processo.

Pelo que li de resenhas no Skoob, esse é aquele tipo de livro que você ama ou odeia, porque de certa forma o final pode ser um pouco previsível quando você se apega aos sinais sutis que o autor coloca no desenrolar da história.

Tenho a impressão de que no contexto de vida e existência e pessoas e relacionamentos e trabalho, ser triste é uma resposta correta. É verdadeira. Ambas são respostas certas. Quanto mais dizemos a nós mesmos que deveríamos tentar ser sempre felizes, que a felicidade é um fim em si, pior fica.

Aos mais críticos pode parecer que o autor montou vários ‘plots’ e não soube dar bons motivos ou justificativas para eles, então concluiu de um jeito mais “fácil”, não acredito que tenha sido assim, mas entendo porque alguém pensaria dessa maneira.

A história é boa, mas as reflexões que o casal nos proporciona enquanto conversam no carro, conseguem ser melhores ainda.

Nós não podemos e não sabemos o que os outros estão pensando. Não podemos e não sabemos que motivações as pessoas têm para fazer as coisas que fazem. Nunca. Não totalmente. Essa era minha aterrorizante epifania da juventude. Nós nunca conhecemos realmente alguém. Eu não conheço. Nem você.

Eu não dei nota máxima para o livro porque o penúltimo capítulo fez um nó no meu cérebro e precisei ler mais de uma vez, além disso acho que o autor poderia ter dado um pouco mais de significado a certas coisas que aconteceram na trama, porque algumas coisas pareceram ser colocadas só para aumentar o suspense e a curiosidade do leitor.

As pessoas falam sobre a capacidade de suportar. De suportar tudo e qualquer coisa, seguir em frente, ser forte. Mas você só pode fazer isso se não estiver sozinho. É sempre a infraestrutura em que a vida é construída. Uma proximidade com os outros. Sozinho tudo se torna uma luta de mera resistência.

NOTA: ⭐⭐⭐⭐

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