Resenha: A (r)evolução das mulheres - Mindy McGinnis



Ficha Técnica
Título Original: The female of the species
Autora: Mindy McGinnis
Páginas: 344
Ano: 2017
Editora no Brasil: Plataforma 21

Sinopse
Três anos se passaram desde o assassinato da irmã mais velha de Alex Craft. Mas, como é de costume, a culpa sempre recai sobre a vítima e o assassino segue sua vida em liberdade. Alex é uma menina forte e quer vingar sua irmã. Por isso, ela resolve atacar qualquer predador sexual que cruzar seu caminho e colocar a boca no mundo, usando a linguagem que conhece melhor: a linguagem da violência. Mas o que aconteceu na noite do assassinato chama a atenção de Jack Fisher, o cara invejado por todos: atleta perfeito, que desfila de braço dado com a garota mais cobiçada. Ele deseja conhecer Alex profundamente. E, numa cidade pequena, onde todo mundo se conhece, esse repentino interesse vai desencadear uma série de crimes bárbaros.

Mas 'meninos são assim mesmo', é nossa expressão preferida e que serve de desculpa para tanta coisa, ao passo que para falar do gênero oposto, só dizemos 'mulheres...', com um tom de desdém e acompanhado de um revirar de olhos.

Olha eu sinceramente não sei por onde começar, encerrando a leitura senti um aperto no peito tão grande.

Pois bem, Alex Craft perdeu sua irmã mais velha há 3 anos, Anna foi vítima de um estuprador que nunca foi preso pelo crime. Agora nossa protagonista quer vingança, não só contra o assassino da irmã, mas contra todos os predadores sexuais e machistas que cruzarem seu caminho. Alex é uma menina ferida que acha que a única forma de lidar com isso é com a violência e se excluindo do mundo. Mas tudo muda um pouco quando ela vira amiga de Claire (filha do pastor) e namorada do atleta super popular Jack Fisher.

Eu estava com uma grande necessidade de ler esse livro desde que vi a capa e o título, e posso dizer com certeza que foi uma das melhores leituras de 2018. Como prometido, a trama fala sobre a cultura do estupro, o machismo, a violência contra mulher, os esteriótipos acerca do mundo feminino e os abusos de todo tipo que mulheres sofrem todos os dias. Porém, aborda tudo isso ilustrando em uma parte delicada da vida de todo mundo, a adolescência.


Eu me lembro de não saber nada sobre feminismo quando era adolescente, sempre concordei com a igualdade de gêneros, mas não me dava conta do quanto eu e minhas amigas éramos violentadas e menosprezadas todos os dias só por sermos mulheres. Diferente de mim, a Alex criou consciência de tudo isso muito cedo, até mesmo antes de sua irmã morrer, consequentemente acabou se tornando uma garota desconfiada e tensa, sem medo de fazer justiça com as próprias mãos.

Vivo em um mundo onde não ser molestado durante a infância é considerado sorte.

A autora é até bastante sutil com as palavras, considerando toda a temática,  mas as vezes solta umas reflexões que embrulham o estômago. A narrativa alterna entre Alex, Jack e Efepê (Claire), cada um com seus segredos, pensamentos e pontos de vista. A história se passa a maior parte do tempo no colégio e nas festas dadas pelos alunos, geralmente regada a muita bebida e drogas.

Eu gostei de tudo. Os personagens, a ambientação, as críticas. Fiquei muito triste com o final, mas não estragou em nada. Além dos temas pesados, temos aqui Alex descobrindo como é ter amigos de verdade e um namorado. Ela e Jack formam um casal fofo e bastante apaixonado e a amizade entre ela e Efepê poderia ser levada como exemplo. Até Branley, a líder de torcida perfeita e malvada, é uma boa personagem apesar de tudo.

"A (r) evolução das mulheres" é impactante, polêmico e até bonito. Pude me questionar várias vezes durante a leitura. Por que muitos homens se acham no direito de tocar mulheres sem a permissão delas? Por que tanta competitividade entre mulheres? Como assim eu não posso beber sem que alguém queira se aproveitar de mim? Como eu posso denunciar um caso de estupro se as pessoas vão me culpar e provavelmente ficar do lado do agressor? Isso são só algumas perguntas que me fiz enquanto lia o livro. E o que me deixa mais triste é que nada disso é ficção, e sim uma realidade dolorosa.

NOTA: ⭐⭐⭐⭐⭐


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1 Comentários

  1. Olá, Raissa! Tudo bem?

    Nunca li este livro, mas só de ler a sua resenha fiquei impactada. Apesar de temas como esses nos deixarem angustiados(as), acho muito necessário a leitura de histórias assim. Elas nos fazem refletir até sobre nossas ações do passado, como pensávamos na adolescência ou nossas atitudes. Achei a capa muito intensa e leria o livro só por ela rsrsrs. Gostei muito da sua resenha, com certeza irei colocar a obra na minha listinha de futuras leituras!

    Beijos
    Cantinho da Escrita

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